Uso de Chupeta: vale a pena usar?

O uso de chupeta é um tema que gera debates e acima de tudo questionamentos. O seu uso exige não apenas conhecimento teórico; mas também saber individualizar a sua recomendação, respeitando a realidade e o contexto de cada família.

Em momentos de estresse e desgaste intensos, a chupeta pode ser útil, mas é essencial que seu uso seja consciente, limitado e baseado em uma análise criteriosa dos prós e contras. Este artigo traz uma visão equilibrada sobre o tema, ajudando os pais a tomarem decisões informadas.

Sucção: um reflexo natural

O reflexo de sucção é algo instintivo e acima de tudo vital para o bebê. Ele surge na vida intrauterina, podendo ser observado primeiramente na ultrassonografia. Graças a esse reflexo, o feto nasce pronto para a amamentação, desde o primeiro minuto de vida, garantindo assim sua sobrevivência, crescimento e desenvolvimento.

Por consequência de ser um reflexo o bebê suga qualquer objeto próximo à boca; os pais então, achando que isso é uma necessidade do bebê, oferecem a chupeta como uma solução para o ato. Portanto, o ato de sugar é um reflexo e em nada tem haver com um sinal de que o bebê precisa de algo externo, como uma chupeta.

Os impactos do uso de chupeta na amamentação

O uso da chupeta pode interferir na amamentação, sobretudo se introduzido precocemente. Sugar o peito para mamar requer o uso de músculos específicos da mastigação e uma coordenação motora que é não obstante, diferente de sugar uma chupeta. Essa divergência de sucção pode gerar a chamada “confusão de bicos”, levando portanto a:

• Dificuldade na pega correta do peito;
• Redução do tempo e da frequência das mamadas;
• Diminuição da produção de leite materno pela mãe;
• Perda de peso no bebê, já que ele pode gastar energia sugando a chupeta sem receber nutrientes.

Esses fatores demostram precipuamente que, para mães que amamentam, é crucial introduzir a chupeta somente após a amamentação estar bem estabelecida.

Riscos do uso prolongado da chupeta

Embora a chupeta possa ter benefícios em contextos específicos, é importante estar atento aos possíveis malefícios de seu uso prolongado. Veja os principais:

Problemas no desenvolvimento da boca e dos dentes

A sucção da chupeta utiliza músculos diferentes daqueles utilizados na amamentação, podendo levar dessa maneira a dificuldades na mastigação e na fala, alinhamento inadequado dos dentes e alterações na respiração, como a respiração bucal.

Aumento do risco de infecções

O uso da chupeta pode favorecer infecções como otites (dor de ouvido), candidíase oral (sapinho) assim como aftas. Além disso, chupetas mal higienizadas podem acumular fungos e bactérias, aumentando o risco de desenvolver febre, diarreia e cólicas.

Menor interação e estímulo

Crianças que utilizam chupeta, frequentemente choram menos; dessa forma, reduzem sua forma comunicação e interação com os pais. Essa diminuição pode impactar o desenvolvimento de habilidades sociais, assim como comunicação verbal e estímulos emocionais.

Quando o uso da chupeta pode ser benéfico?

Apesar dos riscos, em alguns contextos, a chupeta pode ser útil e entre os benefícios apontados por especialistas, destacam-se principalmente:

• Redução do risco de Síndrome da Morte Súbita do Lactente (SMSL), especialmente quando usada durante o sono. No entanto, é importante lembrar que o benefício para a SMSL está relacionado ao uso durante o sono, e muitas crianças soltam a chupeta ao adormecer, perdendo essa proteção.
• Estímulo à sucção em bebês prematuros, ajudando no ganho de peso e na alta hospitalar mais precoce, servindo como uma espécie de treinamento nesses bebês prematuros que possuem um reflexo de sucção débil.

Recomendações para o uso de chupeta de maneira consciente

Se os pais decidirem por utilizar a chupeta, algumas orientações podem ajudar a minimizar os riscos:

1. Introdução tardia: Ofereça a chupeta apenas após a amamentação estar bem estabelecida, com o bebê ganhando peso e a mãe sem dor ou fissuras nos mamilos.
2. Uso limitado: Restrinja a chupeta a momentos críticos, como crises de choro ou durante o sono, pode evitar o uso prolongado e os problemas associados.
3. Higienização adequada: Lave a chupeta regularmente e substitua-a ao perceber desgastes, a fim de evitar o acúmulo de germes e evitar partes soltas que possam causar asfixia.
4. Interrupção gradual: Limite o uso até 1 ano de idade e busque ajuda profissional, se necessário, para fazer a retirada de forma tranquila.

Sinais de alarme para o uso prolongado de chupeta

O uso prolongado da chupeta, especialmente após os 2 anos de idade, pode ser um indicativo de questões emocionais de tal sorte que precisam ser avaliadas. Crianças que utilizam chupeta até idades avançadas, como 7 ou 8 anos, podem estar lidando com ansiedade ou outras dificuldades emocionais. É fundamental que os pais reflitam sobre o que a chupeta representa para o filho e busquem ajuda para compreender e resolver essas questões.

Conclusão: Reflita antes de inserir a chupeta na rotina do bebê

O uso da chupeta é uma decisão que deve ser tomada com cautela e base em informações claras. Apesar de poder ajudar em momentos específicos, ela pode trazer desafios ao desenvolvimento da criança quando utilizada de maneira inadequada.

Antes de introduzir a chupeta, avalie as reais necessidades do seu bebê e converse com o seu pediatra. Lembre-se sempre que algo que parece uma solução rápida para um problema momentâneo pode gerar desafios maiores no futuro.

Reflita, analise e tome decisões que tragam melhores benefícios para você você e seu bebê. Nessa entrevista a Rede Massa, eu falo à respeito do uso de chupeta além do uso de andadores e cama compartilhada.

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Um Beijo enorme no seu coração. Com carinho, Dra Camila! 😘