Exterogestação, o que é?

Exterogestação é uma teoria criada pelo antropólogo inglês Ashley Montagu, que sugere que os primeiros 100 dias do bebê fora do útero são uma extensão do desenvolvimento intrauterino de tal forma que esse período é uma extensão do período intrauterino. De acordo com essa teoria, esse período é tão importante quanto a gravidez, exigindo atenção e cuidados especiais para que o bebê se adapte ao novo ambiente.

Embora essa teoria não seja cientificamente comprovada, ela faz muito sentido. O ser humano, ao longo da evolução, adquiriu um cérebro maior e mais desenvolvido do que os outros animais, o que obrigou os bebês a nascerem antes de sua formação total, para que suas cabeças pudessem passar pela pelve materna. Por isso, os recém-nascidos humanos são mais imaturos do que outras espécies, necessitando de cuidados intensivos ao nascer.

Exterogestação: bebê recém-nascido

Sintomas da exterogestação

Durante a exterogestação, o bebê está se adaptando ao mundo, o que explica portanto muitos comportamentos, como:

  • Mamar com frequência (inclusive sem seguir uma rotina rígida);
  • Ter despertares frequentes durante o sono;
  • Precisar de muito colo e contato físico.
  • Choro constante: principal forma de comunicação do bebê durante a exterogestação. Ele não tem a intenção de manipular os adultos, mas sim de expressar desconforto, fome ou necessidade de segurança.

Ao atender essas demandas com paciência e carinho, você ajuda o bebê a se sentir mais acolhido nesse período de transição.

Saber disso ajuda os pais a não criarem falsas expectativas de tal sorte que entendendo que essas necessidades são normais, não ficam suscetíveis a todo tipo de crítica externa:

  • “Se você não parar de ficar pegando ele no colo ele nunca vai se acostumar!”
  • “Você tem que deixar ele ficar chorando no berço se não ele nunca vai dormir sozinho!”
  • “Isso daí é manha!”
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Sobretudo, mais do que uma fase desafiadora, a exterogestação é um período essencial para o crescimento físico e emocional do bebê.


Quanto tempo dura a exterogestação?

3 meses de vida. Este é o período de tempo em que o bebê é mais vulnerável e dependente de contato físico constante, precipuamente atenção e suporte dos pais para atender às suas necessidades físicas e emocionais.

Por que os 3 primeiros meses são tão importantes?

Os primeiros 100 dias do bebê são marcados por uma imaturidade significativa:

  • Sistema neurológico: o bebê ainda está aprendendo a regular funções básicas, como sono e fome.
  • Desenvolvimento motor: os reflexos primitivos, como o de sucção e o Moro, mostram que o bebê ainda está ajustando seu corpo ao mundo externo.
  • Necessidade de segurança: o bebê busca reproduzir a sensação de acolhimento e proteção que tinha no útero.

Por isso, durante esses três meses, práticas como contato pele a pele, amamentação frequente e a criação de um ambiente tranquilo ajudam o bebê a se adaptar ao mundo fora do útero.

E depois dos 3 meses?

Após esse período inicial, o bebê começa a demonstrar mais independência em pequenas áreas, como por exemplo interagir com o ambiente ao seu redor e reconhecer rostos familiares. Porém, isso não significa que a necessidade de proximidade e vínculo desapareça. A exterogestação é um guia para os primeiros meses, mas cada bebê terá seu ritmo de adaptação.


Exterogestação: Existe rotina nesse período?

Exterogestação: Rotina do Bebê

A resposta é: não exatamente. Durante a exterogestação, o bebê está em um processo de adaptação ao ambiente externo, é difícil portanto estabelecer hábitos fixos nesse momento.

Imagine você sair de um ambiente antes de tudo controlado, com temperatura estável, ruídos silenciados e alimentação constante, para um mundo onde tudo é novo e exige esforço como respirar, mamar, dormir… Demanda tempo até que todas essas atividades se tornem o novo normal.


7 Dicas para apoiar o bebê!

  1. Colo: mantenha o bebê próximo ao corpo, usando slings ou carregadores.
  2. Rotina suave: Crie um ambiente que imite a calma do útero, com sons suaves e iluminação amena.
  3. Simule a posição intrauterina: posições como deitar de lado, simulando a posição fetal (sempre sob supervisão), podem trazer conforto; não obstante, lembre-se: a posição de barriga para cima é a mais segura para prevenir a morte súbita.
  4. Sucção não-nutritiva: bebês que estavam acostumados a chupar o dedo no útero, analogamente ao nascer podem sentir falta desse movimento, permitir a sucção no peito, mesmo quando não estiverem mamando para se alimentar, pode ser reconfortante durante a exterogestação.
  5. Ruído branco: sons como o chiado da televisão, motor do carro ou o som do chuveiro similarmente aos barulhos que o bebê ouvia no útero, tendem a acalmar o bebê e podem ser grandes aliados.
  6. Banho de balde: o banho de balde é uma ótima forma de reproduzir a sensação do útero, combinando água morna e um ambiente aconchegante. Pode ser ainda mais relaxante se acompanhado de ervas calmantes.
  7. Charutinhos: usar mantas para envolver o bebê com uma leve pressão ou recorrer a slings pode simular o “abraço” do útero, proporcionando dessa maneira segurança.

Os três primeiros meses da exterogestação são acima de tudo, fundamentais para o desenvolvimento emocional e físico do bebê, além de fortalecer o vínculo com os pais. Essa fase exige dedicação e se torna portanto uma oportunidade única de conhecer seu bebê e se conectar profundamente com ele.


Conclusão

A exterogestação é um período de extrema importância para o desenvolvimento do bebê, marcado pela necessidade de adaptação ao mundo externo após o nascimento. Outros temas relacionados a esse período como Disquesia e Coto-umbilical já foram tratados em outros artigos.

Embora seja um período intenso para os pais, a exterogestação representa um momento de aprendizado e conexão profunda entre o bebê e os cuidadores. Entender e respeitar essa fase ajuda a construir uma base sólida de segurança, confiança e vínculo afetivo, promovendo um desenvolvimento físico e emocional saudável para o neonato.

Aproveitar a exterogestação é, acima de tudo, uma oportunidade de criar uma relação de cuidado e amor que terá reflexos positivos por toda a vida do bebê.

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Um beijo enorme e até a próxima! Com carinho, Dra Camila!

Camila Ramos - Pediatra
  • Última modificação do post:dezembro 25, 2024
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