Muito se engana quem pensa que amamentar é algo simples, natural e instintivo.
O processo da amamentação necessita de persistência, auxílio e acima de tudo , muita informação. Uma união de fatores deve coexistir para que esse processo seja satisfatório para mãe e bebê e consiga nutrir e proporcionar crescimento adequado aquele pequeno ser que estamos cuidando.
Em meio a esse processo desafiador por si só encontramos algumas doenças que sempre devem ser lembradas e tratadas de forma precoce pois podem dificultar ainda mais a amamentação e serem responsáveis até mesmo por desistência, já que podem causar dor excessiva e com isso diminuição do volume da produção de leite.
Mastite
Trata-se de processo inicialmente inflamatório, que resulta do leite que fica parado na mama, causando seu aumento e obstrução ao fluxo do leite, ou seja, ingurgitamento mamário. Posteriormente ocorre aumento local do número de bactérias e o processo se torna infeccioso, podendo evoluir inclusive para quadros mais graves, com abscessos mamários e sepse.
Muitos fatores favorecem esse leite a ficar ali parado na mama e desencadear a mastite, mas um dos principais é um manejo inadequado da amamentação no período da apojadura, que é a descida do leite quando o bebê nasce. É necessário agir de forma correta nesta fase principalmente tendo acesso a informação de qualidade, para que se saiba ajustar a pega do bebê para ter uma boa ordenha da mama sem ferir o mamilo, para realizar esvaziamento de forma correta e ter ajuda nas lesões com correção da pega e uso de laserterapia.
Esse processo é muito doloroso e necessita de tratamento e ajuda profissional imediata.
O tratamento da forma inicial é feito através de hidratação oral, esvaziamento da mama afetada (ordenha manual, mecânica ou elétrica), posicionamento adequado das mamas, analgésicos e anti-inflamatórios (paracetamol, ibuprofeno, piroxicam). Não há indicação para inibição da lactação.
As medicações necessárias devem ser prescritas pelo seu médico assistente, que pode ser tanto o ginecologista como o pediatra e a evolução do quadro deve ser acompanhada de forma cautelosa.
Observar os sinais de alarme como febre, calafrios, dores no corpo, piora do aumento das mamas, dor com piora progressiva e sempre buscar reavaliação imediata nesses casos.
Ter ajuda profissional pode prevenir esses quadros, busque um pediatra que dê boas orientações sobre amamentação e te ofereça assistência individualizada e também ajuda de uma consultora de amamentação.
Candidíase mamária
A Candida albicans é um fungo que vive em condições normais na boca e no sistema digestório humano, sem que isso provoque quaisquer consequências danosas, apesar de, oportunamente, poder resultar em infecção oral ou vaginal.
Em lactentes, a forma mais comum de infecção é a mucocutânea leve, O meio propício para o crescimento de fungos é o úmido, quente e escuro; essas condições são encontradas nos mamilos, sobretudo se apresentarem algum tipo de trauma.
O aleitamento materno representa uma possível fonte de colonização e de reinfecção devido ao contato direto entre mãe e filho.
Os sintomas são representados por dor ao amamentar, sensação de “fisgadas” na mama, pontos esbranquiçados no mamilo e aumento da sensibilidade local. Esses sintomas permanecem mesmo quando o bebê não está mamando. Na boca do bebê observamos placas brancas que são chamadas popularmente de “sapinho”.
Quando um ou ambos apresentam manifestação da doença, está recomendada a terapia medicamentosa da mãe e do bebê . O tratamento pode começar com medicamentos tópicos, incluindo nistatina. O fluconazol oral, antifúngico compatível com a amamentação, é o medicamento mais indicado quando não há controle do quadro com as medicações tópicas . Está indicada a manutenção do aleitamento materno.
Manter os mamilos secos e arejados é uma medida preventiva contra a instalação da cândida. Evitar o uso de absorventes descartáveis e priorizar o uso das rosquinhas de pano que não abafam o mamilo, o que favorece a piora do quadro.
Sempre realizar o tratamento com acompanhamento de um profissional qualificado para que haja melhor instituição da terapêutica e troca das medicações nos casos de falha do tratamento.
Fenômeno de Raynaud
Esse fenômeno geralmente se manifesta em extremidades do corpo ( pés e mãos) , porém podemos observar acometimento também em outras regiões como nariz, ouvido e mamilo.
Quando o fenômeno de Raynaud acomete a mulher que está amamentando ocorre a diminuição do fluxo de sangue para os mamilos .
Essa alteração ocorre por conta de uma reação exagerada à exposição ao frio ( note se piora no ar condicionado), estresse emocional ou compressão anormal do mamilo na boca do bebê, que leva a contração das pequenas artérias.
Essa diminuição do fluxo sanguíneo provoca uma alteração da cor do mamilo, ele fica sequencialmente mais pálido e depois vermelho, como na figura abaixo.
Os sintomas são sensação de queimação, dor e formigamento e podem aparecer durante, após ou durante a mamada.
O que se pode fazer?
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- Aquecer o corpo
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- Amamentar em ambientes aquecidos, usar roupas mais quentes.
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- evitar substâncias que podem agravar o quadro de vasoconstrição como nicotina e cafeína.
Se os sintomas permanecerem é necessária avaliação de especialista , que pode ser o mastologista.
Existem medicações que auxiliam na dilatação dos vasos e que podem ser usadas para mulheres amamentando. A primeira linha são os bloqueadores de canais de cálcio, que necessitam de prescrição e seguimento médico.
Tenha profissionais de confiança para seu seguimento que te ajudem nas dificuldades e priorizem sempre a amamentação.