Frequentemente me fazem essa pergunta: “Existe alguma vitamina para aumentar a imunidade?”
A resposta é simples: não 😳

Como é?
Para aumentar a imunidade é necessário medidas diárias e consistentes, que muitas vezes são negligenciadas porque demandam dedicação e paciência. Atualmente, a nova doença da contemporaneidade é o imediatismo; no mundo acelerado em que vivemos, buscamos soluções rápidas para todas as áreas da vida. É assim na tecnologia, na comunicação, na informação, porém não é assim na saúde.
O corpo humano certamente não evoluiu na mesma velocidade da tecnologia e o que nos torna saudáveis hoje são as mesmas coisas que nos tornavam saudáveis há 100 anos atrás; acreditar que a invenção de um comprimido foi capaz de substituir bons hábitos de vida, sono regular, dieta equilibrada e atividade física constante é a maior falácia dos tempos atuais.
Logo, quem se aproveita desse lobby, dessa demanda por uma solução fácil, levando a gastos desnecessários e que não trazem resultados é a indústria farmacêutica. Ainda bem que pelo menos alguém é beneficiado. =)
Conteúdo
Imunidade baixa ou pouco desenvolvida?
Um senso comum de mães no consultório é dizer que o filho tem “imunidade baixa”, como se ficar doente fosse algo anormal e o esperado é ser saudável eternamente. É o próximo filme da Disney: “beberam aqueles comprimidos e ficaram saudáveis pra sempre ✨🤩”.
Na realidade, o que acontece com a esmagadora maioria das crianças não é que elas tenham a imunidade baixa, mas sim que elas tem um sistema imunológico imaturo e que está em fase de desenvolvimento.
A imunodeficiência verdadeira, ou seja, imunidade baixa – de verdade e não a de mentira – que pode ser congênita ou adquirida, como o HIV, é rara e deve ser investigada apenas em casos graves, como Infecções Severas Frequentes, necessidade de internações prolongadas, especialmente em UTI e evolução grave de quadros leves.
Ou seja, pegar gripe 6 vezes por ano quando vai pra creche não tem nada a ver com imunidade baixa, tem a ver com ser humano.

Imunidade baixa: quais são então os seus sintomas?
Não existe atualmente nenhum sintoma que diga: “seu filho tem imunidade baixa minha senhora!”. O que existe, em resumo, são indícios clínicos que nos fazem suspeitar de que um paciente pode sofrer de imunodeficiência e nesse caso é que começamos a investigar. E quais são esses indícios?
- Infecções oportunísticas como pneumonias por fungo, cândida no esôfago ou infecções parasitárias como toxoplasmose cerebral.
- Doenças neoplásicas como sarcomas, linfomas ou câncer anal.
- Emagrecimento excessivo e involuntário associado a diarreia ou febre persistente
- Doenças bacterianas graves e recorrentes dentro de 1 ano com necessidade de internação.
Imunidade baixa é uma criança com internação por pneumonias, tuberculose, com necessidade de intubação, quadros severos e graves, de repetição e sem causa aparente. Quase morrer por não ter imunidade é o que define o seu termo real e de acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, crianças menores de 2 anos adoecem com frequência porque ainda não possuem um sistema imunológico totalmente desenvolvido.
Como aumentar a imunidade das crianças?
Embora não exista o comprimido dos Deuses, o Santo Grau da medicina alopática, há hábitos e práticas de vida que fortalecem o sistema imunológico e promovem mais saúde, prevenindo doenças. Confira as principais dicas:
Amamentação
O leite materno, em princípio, é o melhor alimento para os primeiros meses de vida, sendo recomendado como exclusivo até os 6 meses. Ele contém nutrientes essenciais e anticorpos maternos de tal forma que fortalecem a imunidade do bebê, além de promover uma melhor resposta imunológica nos primeiros anos.
Vacinação em dia
As vacinas são fundamentais para prevenir doenças graves e fortalecer o sistema imunológico, principalmente durante o primeiro ano de vida. Além disso, garantem a criação de uma memória imunológica, ajudando o corpo a combater infecções futuras.
Por essa razão manter a caderneta vacinal do seu filho em dia é fator preponderante na melhora da imunidade ativa e passiva dele.

Alimentação saudável
A base de uma imunidade forte está na alimentação. Alimentos naturais, ricos em vitaminas e minerais, assim como frutas, verduras, legumes, grãos integrais e proteínas magras são tudo o que o organismo precisa.
Oferecer verduras e legumes crus sempre que possível, preservando seus nutrientes, evitando alimentos ultraprocessados, como salgadinhos e refrigerantes e consumir frutas e verduras inteiras ou em pedaços, evitando perder nutrientes importantes são dicas práticas e muito úteis para o dia a dia.
Atividade física
A prática regular de atividade física é essencial para fortalecer a imunidade das crianças, ajudando o corpo a combater infecções de forma mais eficiente. Exercícios simples, sobretudo como brincar ao ar livre, andar de bicicleta ou praticar esportes, aumentam a circulação de células de defesa e reduzem inflamações, promovendo uma saúde mais equilibrada. Além disso, exercitar-se regularmente estimula hábitos saudáveis, melhora o sono e reduz o estresse, contribuindo para o bem-estar físico e emocional das crianças.

O que mais pode aumentar a imunidade?
Higienização das mãos
A higiene das mãos é uma das medidas mais simples e eficazes para evitar infecções. Ensine seu filho a lavar as mãos regularmente, principalmente antes das refeições e após o uso do banheiro. Doenças infecciosas são transmitidas majoritariamente por gotículas que ficam presentes nas mãos quando tossimos ou espirramos e que portanto são transmitidas as outras pessoas através do aperto de mão e do toque.
Contato com a natureza
Deixe seu filho brincar ao ar livre e se conectar com a natureza sempre que possível. Estudos demostram que a exposição regular ao ambiente natural estimula as células de defesa do organismo, de todo modo a trazer benefícios como:
Desenvolvimento de autoconfiança e resiliência.
Acompanhamento de puericultura
Além dessas medidas, é fundamental acompanhar a saúde do seu filho com um pediatra de confiança. Em uma consulta individualizada, o médico pode:
- Avaliar a rotina da criança e sugerir ajustes;
- Identificar deficiências nutricionais e suplementar vitaminas quando necessário;
- Evitar intervenções e medicações desnecessárias.
Sono de Qualidade
- Redução de alergias;
- Melhora do sono e da memória;
- Prevenção de miopia e obesidade;
- Diminuição do estresse e da ansiedade;
- Uma boa noite de sono é essencial para o crescimento e fortalecimento da imunidade; pois sono inadequado ou a privação dele podem liberar cortisol, o hormônio do estresse, que em níveis persistentemente altos enfraquecem o sistema imunológico.
Conclusão
Cuidar da imunidade do seu filho é investir em uma infância saudável. Crianças que adoecem com frequência podem entrar em um ciclo prejudicial que afeta o apetite, o sono e até o desenvolvimento. Priorizar hábitos saudáveis é a chave para garantir que elas cresçam fortes, com energia e prontas para enfrentar os desafios e descobertas do dia a dia.
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Um beijo enorme! Até a próxima! 😉
Com carinho, Camila Ramos

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Minha filha não vai à escola ainda, ela tem 1 ano e 1 mês e para não dizer que nunca adoeceu, pegou somente 1 resfriado leve desde quando nasceu. A escola é um assunto que me preocupa pois todo mundo me fala “depois que ela for para escola ela vai viver doente”. Obrigada Dr. Camila, por este conteúdo, agora estou menos preocupada em relação a este assunto❤️